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CHAMADA DE SELEÇÃO

2º SEMESTRE DE 2011

A Comissão Coordenadora do Curso de Atualização em Participação e Controle Social na Saúde, na modalidade de educação a distância, da Universidade Federal de Minas Gerais, faz saber:

1. Vagas e Público Alvo:

1.1 Estão abertas 600 (seiscentas) vagas para a segunda turma do Curso de Atualização em Participação e Controle Social na Saúde, aceitas em ordem de inscrição.

1.2 O Curso é destinado a membros dos conselhos de política locais, regionais, municipais, estaduais e nacionais de saúde; técnicos e gestores governamentais envolvidos com políticas da saúde e membros de organizações da sociedade civil com experiência participativa e/ou profissional na política de saúde, dos três níveis da Federação – municipal, estadual e nacional.

1.3 Caso não sejam preenchidas as 600 vagas, as remanescentes serão disponibilizadas para membros de outros conselhos de políticas nacionais, estaduais e municipais de políticas inter-relacionadas com a saúde.

2. Inscrições:

2.1 As inscrições serão feitas exclusivamente via Internet.

2.2 Para fazer a inscrição preliminar o candidato deve:

a) Acessar a ficha de inscrição disponível no site: www.ufmg.br/conselheirossaude, no menu Inscrições;

b) Preencher todos os campos da ficha de inscrição disponível online;

c) Antes de enviar a ficha de inscrição, imprimir uma cópia para sua certificação;

d) Após a impressão, clicar em enviar para concluir a inscrição preliminar;

2.2.1 A confirmação da inscrição preliminar será enviada para o e-mail informado. ATENÇÃO: favor apresentar e-mail pessoal.

2.3 Para fazer a inscrição definitiva, o candidato deve enviar em cópia eletrônica (arquivo PDF) para o e-mail: e_prodep@fafich.ufmg.br, o seguinte documento:

a) Carta de apresentação redigida e assinada pelo responsável do Conselho, órgão governamental ou organização da sociedade civil ao qual está vinculado, declarando o envolvimento atual do candidato com a política de saúde e/ou afins.

2.3.1 A confirmação da inscrição definitiva será enviada para o e-mail informado.

2.4 Somente serão considerados inscritos os candidatos que realizarem a Inscrição Preliminar e a Inscrição Definitiva. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS Departamento de Ciência Política Curso de Atualização em Participação e Controle Social na Saúde Av. Antônio Carlos, 6627 - Cidade Universitária – Pampulha – Belo Horizonte/MG Telefone: (31) 3499-3551 – e-mail: e_prodep@fafich.ufmg.br

3. Período de inscrição:

3.1 As inscrições estarão abertas no período de 1º a 12 agosto de 2011.

4. Resultados:

4.1 O resultado será homologado pela Comissão Coordenadora do Curso e será divulgado no dia 16/08/2011, às 17h, no site http://www.ufmg.br/conselheirossaude e na Secretaria do curso.

4.2 Os candidatos poderão apresentar recurso à Comissão Coordenadora do Curso de Atualização no prazo de 7 (sete) dias após a divulgação do resultado.

5. Observações importantes:

5.1 Será necessária habilidade mínima com os programas de computador Word para produção de textos e navegadores da internet (Internet Explorer, Mozilla, Google Chrome, etc.) para acesso na Plataforma do Curso.

5.2 Somente serão aceitos os pedidos de inscrição que atendam às exigências desta chamada e apresentem documentação completa (Inscrição Preliminar e Inscrição Definitiva).

5.3 O curso terá início imediato, portanto, os inscritos devem avaliar sua disponibilidade para se dedicar às atividades propostas. O curso é de 100h/a e terá duração de 3 meses.

5.4 Os alunos que participaram da primeira turma e concluíram o Curso de Atualização em Participação e Controle Social na Saúde não devem se inscrever nesta segunda turma, por se tratar de oferta com o mesmo conteúdo.

5.5 Informações adicionais podem ser obtidas no site do Curso: www.ufmg.br/conselheirossaude e na Secretaria, através do endereço eletrônico: e_prodep@fafich.ufmg.br ou pelo telefone (31) 3499-3551, de 2ª a 6ª feira, no horário das 09:00h às 12:00h e das 14:00h às 16:00h, exceto feriados.

Belo Horizonte, 26 de julho de 2011.

Prof. Leonardo Avritzer

Coordenador do Curso de Atualização em Participação e Controle Social na Saúde

DCP – FAFICH – UFMG

 

DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA AS HEPATITES VIRAIS

 

A identificação das Hepatites Virais é uma importante questão de saúde pública que exige mobilização, capacitação e constante troca de informações. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de um terço da população global foi infectada pela Hepatite. A doença é a inflamação do fígado e pode ser causada por vírus, uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. Embora a maioria dos portadores de hepatite não saiba que tem a doença, eles são capazes de transmiti-la, por isso a importância da prevenção e diagnóstico.

Segundo Soraia Zardini, referência técnica do Programa Estadual de Prevenção e Controle das Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), no Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B, C e D. “As hepatites virais B e C são doenças silenciosas, e seus sintomas podem demorar décadas para aparecer”, afirma. 

Francisco de Souza, referência técnica da SES/MG em doenças complexas, explica que “de 5% a 10% dos casos de hepatite B evolui para a cronicidade e podem apresentar, ao longo dos anos, cirrose hepática e câncer de fígado. Já a Hepatite C, 80% dos casos podem se tornar crônicos e desses, 20% podem evoluir para a cirrose, podendo ainda evoluir para câncer hepático de 1% a 5% dos casos”. Para Francisco, o diagnóstico e o tratamento precoces podem impedir a evolução para as formas graves da doença, por isso é importante fazer o teste que mostra se você tem infamação do fígado (prova de função hepática), ou em casos de risco detectado nas consultas médicas, exame específico para o vírus B, e para o vírus C. O teste para a prova de função hepática está disponível no Sistema Único de Saúde- SUS, afirma”.

A evolução das hepatites varia conforme o tipo de vírus. Os vírus A e E apresentam apenas formas agudas de hepatite (não apresentando potencial para formas crônicas). Isto quer dizer que, após uma hepatite A ou E, o indivíduo pode se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu organismo.

As hepatites virais são doenças de notificação compulsória, ou seja, cada ocorrência deve ser notificada por um profissional de saúde. Esse registro é importante para mapear os casos de hepatites no país e ajuda a traçar diretrizes de políticas públicas no setor.

Transmissão

Hepatite A- Sua transmissão é fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus.

Hepatite B- Como o vírus está presente no sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível. Entre as causas de transmissão estão:

• por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada,
• da mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou amamentação,
• ao compartilhar material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings,
• por transfusão de sangue contaminado.

Hepatite C- O vírus C, assim como o vírus causador da hepatite B, está presente no sangue. Entre as causas de transmissão estão:

• Transfusão de sangue;
• Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou para confecção de tatuagem e colocação de  piercings;
• Da mãe infectada para o filho durante a gravidez;
• Sexo sem camisinha com uma pessoa infectada (forma mais rara de infecção).

Hepatite D- A hepatite D, também chamada de Delta, é causada pelo vírus D (VHD). Mas esse vírus depende da presença do vírus do tipo B para infectar uma pessoa, portanto sua transmissão ocorre da mesma forma. 

Hepatite E- Sua transmissão é fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus.

Sintomas

Em grande parte dos casos, as hepatites virais são doenças silenciosas, o que reforça a necessidade de ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam os vários tipos de hepatites. Mas, quando os sintomas aparecem, estes podem ser:

. Febre;
. Fraqueza;
. Mal-estar;
. Dor abdominal;
. Enjoo/náuseas;
. Vômitos;
. Perda de apetite;
. Urina escura (cor de café);
. Icterícia (olhos e pele amarelados);
. Fezes esbranquiçadas (como massa de vidraceiro).

Imunização

Atualmente, o Ministério da Saúde oferece vacina contra a hepatite dos tipos A e B, nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) e nos postos de saúde, respectivamente. Não existe vacina contra a hepatite C, o que reforça a necessidade de um controle adequado da cadeia de transmissão, bem como entre grupos vulneráveis, por meio de políticas de redução de danos.

Vacina contra a hepatite A- A vacina contra a hepatite A não faz parte do calendário nacional de vacinação. O encaminhamento, quando indicado, deverá ser feito pelo médico. No entanto, essa vacina está disponível no CRIE nas seguintes situações:

. hepatopatias crônicas de qualquer etiologia;
. portadores crônicos do HBV e HCV;
. coagulopatias;
. crianças menores de 13 anos com HIV/aids;
. adultos com HIV/aids que sejam portadores dos vírus causadores da hepatites dos tipos B ou C;
. doenças de depósito;
. fibrose cística;
. trissomias;
. imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora;
. candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes;
. transplantados de órgão sólido ou de medula óssea;
. doadores de órgão sólido ou de medula óssea, cadastrados em programas de transplantes;
. hemoglobinopatias.

Vacina contra a hepatite B- A vacina contra a hepatite B faz parte do calendário de vacinação da criança, e do adolescente de até 24 anos, e está disponível nas salas de vacina do Sistema Único de Saúde (SUS). Todo recém-nascido deve receber a primeira dose da vacina logo após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Se a gestante tiver hepatite B, o recém-nascido deverá receber, além da vacina, a imunoglobulina contra a hepatite B, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão de mãe para filho. Caso não tenha sido possível iniciar o esquema vacinal na unidade neonatal, recomenda-se a vacinação na primeira visita à unidade pública de saúde.

A oferta dessa vacina estende-se também a outros grupos em situações de maior vulnerabilidade, independentemente da faixa etária:

. gestantes, após o primeiro trimestre de gestação;
. trabalhadores da saúde;
. bombeiros, policiais militares, policiais civis e policiais rodoviários;
. carcereiros, de delegacia e de penitenciárias;
. coletadores de lixo hospitalar e domiciliar;
. comunicantes sexuais de pessoas portadoras do vírus causador da hepatite B;
. doadores de sangue;
. homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo;
. lésbicas, gays, bisexuais, travestis e transexuais;
. pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas, entre outras);
. manicures, pedicures e podólogos;
. populações de assentamentos e acampamentos;
. populações indígenas;
. potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundidos;
. profissionais do sexo/prostitutas;
. usuários de drogas injetáveis, inaláveis e pipadas;
. portadores de doenças sexualmente transmissíveis (DST);
. caminhoneiros.

Novo protocolo

Das várias hepatites virais conhecidas hoje, as hepatites causadas pelos vírus B e C da hepatite, são as mais preocupantes para o serviço público de saúde, tanto pela sua prevalência, morbidade, mortalidade e letalidade, como nos casos fulminantes de hepatite B e custos que impõem ao SUS.
Para melhorar o atendimento e a qualidade de vida dos portadores de hepatite C, o Ministério da Saúde, por meio do

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, realiza uma série de modificações nas diretrizes terapêuticas para tratamento da doença pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O novo Protocolo para o Tratamento da Hepatite C proporciona, dentre outros benefícios, a ampliação do uso de interferon peguilado e facilita o acesso ao tratamento em alguns casos que não necessitarão de biópsia prévia. As mudanças passaram a valer a partir do dia 18 de julho.

Na prática, a medida permite mais agilidade para indicar o prolongamento de tratamento. O texto anterior, publicado em 2007, garantia a extensão do uso do interferon desde que houvesse aprovação do Comitê Estadual de Hepatites Virais. Agora, o médico que acompanha o paciente já pode prescrever a continuidade do tratamento, de acordo com os critérios estabelecidos no documento.

No Brasil, há 11.882 pessoas em tratamento e a ampliação do uso do interferon peguilado para portadores de outros genótipos do vírus da hepatite C beneficiará pelo menos outros 500 pacientes ainda neste ano. A formulação trará mais conforto e comodidade a estes pacientes, pois esta é utilizada apenas uma vez por semana – no caso do interferon convencional, são três doses a cada semana.

Agência Minas, acesse aqui as notícias do Governo de Minas. Acompanhe também no http://www.youtube.com/agenciaminasgerais


 

Acordo para genéricos anti-HIV exclui Brasil

Em notícia publicada neste sábado, o jornalFolha de S.Paulo ressaltou que o Brasil foi excluído do primeiro acordo assinado entre uma farmacêutica privada e o Pool de Patentes de Medicamentos. O contrato autoriza a produção e a comercialização de genéricos de remédios contra a aids, o que possibilita que seus preços caiam. Representantes de organizações humanitárias ouvidos pela Agência de Notícias da Aids na semana passada também lamentaram a 'exclusão' do Brasil. Leia aqui.

O pool é uma fundação autônoma financiada pela Unitaid, organismo criado há cinco anos com apoio do Brasil para facilitar o tratamento contra o vírus HIV, a malária e a tuberculose, principalmente em países pobres. Cada um dos 29 países doadores contribui de uma forma para o fundo.

No Brasil, uma lei recém-aprovada autoriza o governo a doar US$ 2 à Unitaid por passageiro que embarque para o exterior (US$ 12 milhões por ano). Por impedimento legal, o país não cobrará a taxa dos viajantes, como fez a França, por exemplo.

O acordo entre o pool e a americana Gilead autoriza fabricantes indianos a produzir genéricos de três drogas antiaids e de uma combinação dos três. A empresa receberá royalties de 3% a 5% das vendas.

O número de países com acesso a esses genéricos vai de 99 a 111, dependendo da substância. Além do Brasil, ficaram de fora China, México, o norte da África e quase todos os sul-americanos, exceto Bolívia e Equador. A maioria dos excluídos está no grupo que o Banco Mundial classifica como de "renda média alta", com renda per capita entre US$ 3.976 e US$ 12.275 anuais.

Para ter acesso aos genéricos, eles deverão negociar preços com a empresa ou fazer o licenciamento compulsório, previsto pela Organização Mundial do Comércio.

CRÍTICAS

A exclusão foi criticada por grupos que lidam com acesso à saúde. Segundo eles, foram contrariados dois princípios do pool: que todos os países em desenvolvimento sejam beneficiados e que não exista restrição não técnica à fabricação. "Fabricantes da Tailândia e do Brasil, que têm capacidade de produzir, foram deixados de fora. O acordo dificulta a redução de preços via concorrência ao limitar a fabricação a um país, a Índia", disse a ONG Médicos sem Fronteiras.

Um manifesto de 70 entidades latino-americanas, incluindo a Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS), qualificou o contrato de "frustrante".

O sanitarista Paulo Roberto Teixeira, do conselho administrativo do pool, diz que está "ciente das limitações do acordo", mas o defende: "Ele cobre mais de 80% da epidemia", afirma. Ele lembra que o pool é só um dos mecanismos da campanha de acesso às drogas. "O acordo não interfere no direito de outros países de adotar salvaguardas para a produção de genéricos".

Teixeira afirma que o contrato deixa aberta a possibilidade de que mais países ou consórcios de países beneficiados consigam permissão para fabricar genéricos dos remédios da Gilead, ao lado da Índia.


 Falta de reagentes faz governo limitar exame de carga viral em paciente com Aids

Agência Brasil

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde decidiu limitar os exames de carga viral em pessoas com Aids por causa da falta de reagentes usados no teste que checa a quantidade do vírus HIV no sangue e acompanha a eficácia do tratamento

O baixo estoque de reagentes é resultado da paralisação de uma licitação feita pelo ministério para comprar testes mais modernos e rápidos. O processo foi contestado várias vezes por empresas participantes.

Em nota técnica, o ministério orienta as secretarias estaduais de Saúde a dar prioridade aos testes em gestantes e crianças de até 4 anos infectadas. De acordo com o diretor do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais, o infectologista Dirceu Greco, os dois grupos são considerados prioritários porque a carga viral interfere no parto e no tratamento precoce das crianças.

No caso dos pacientes em tratamento, com carga viral estável ou com exame marcado, a recomendação é colher e congelar as amostras de sangue para que sejam testadas quando o fornecimento estiver normalizado. A previsão de Greco é que os exames atrasem em um ou dois meses. Segundo ele, isso não deve atrapalhar o tratamento, mas é um transtorno para os pacientes.

"Tecnicamente, o tratamento não deve ter prejuízo", assinalou o infectologista. "Do ponto de vista individual, é realmente um transtorno [para o paciente]." Alguns laboratórios públicos já estão armazenando as amostras, acrescentou, sem informar em quais estado isso já está ocorrendo. No país, 80 instituições fazem o exame da carga viral do HIV.

Para regularizar o fornecimento, o governo federal fez uma compra emergencial dos reagentes usados para abastecer os laboratórios por seis meses. A expectativa, segundo Greco, é que os kits importados cheguem na primeira semana de agosto. Anualmente são feitos 70 mil exames de carga viral - em média dois por paciente - no país.

O saldo da sobrevida

Trinta anos depois dos primeiros casos de AIDS, os pacientes agora lutam também contra outras doenças e obrigam a medicina a se aprimorar para que continuem vivendo bem

Muita coisa mudou desde os primeiros registros oficiais da AIDS - divulgados no dia 5 de junho de 1981 pelo Centro de Controle de Doenças dos EUA - até hoje. Há 30 anos, ser diagnosticado com HIV era o mesmo que receber uma sentença de morte. "Em 1986 fiz o exame e deu positivo. Ouvi da médica que tinha apenas mais dois ou três meses de vida", recorda Américo Nunes Neto, 49 anos, fundador de uma ONG de apoio a soropositivos em São Paulo. Como Américo, milhares de pessoas descobriam-se vítimas da infecção, que se alastrava com rapidez.

O mundo assistia perplexo ao avanço descontrolado do vírus e as armas para enfrentá-lo pareciam infinitamente inferiores à sua capacidade de destruição. "No início, os pacientes chegavam ao hospital para morrer", lembra a enfermeira Márcia Moraes, diretora da divisão de enfermagem do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. O jogo só começou a virar em 1996, com o início do tratamento com o coquetel antirretroviral, uma combinação de medicamentos capaz de atacar o vírus em diferentes frentes. "O coquetel mudou a história da AIDS", considera David Uip, diretor do Emílio Ribas. "Antes dele, a maioria dos pacientes morria."

Hoje, 15 anos após o início do uso combinado de drogas, a medicina contabiliza o saldo obtido com a sobrevida dos pacientes. O SOROPOSITIVO é totalmente diferente do de 30 anos atrás. O uso do coquetel dá à AIDS o status de doença crônica, mas sua utilização de maneira prolongada causa efeitos adversos que trouxeram aos médicos novos desafios. Os principais são evitar a lipodistrofia (acúmulo irregular de gordura no corpo), as doenças cardiovasculares, a perda da função das articulações, alguns tipos de câncer e complicações renais. "Não basta mais só receitar o coquetel", diz Valdiléa Veloso, do Hospital Evandro Chagas (RJ).

LUTA
Américo tem HIV e recebeu diagnóstico de câncer no ano passado. Diante desse novo paciente com HIV, os profissionais envolvidos estão sendo obrigados a se aprimorar, modificando a maneira de cuidar do doente. Hoje, por exemplo, o tratamento exige cada vez mais um olhar multidisciplinar. Ortopedistas, cardiologistas, nutricionistas e cirurgiões, entre outros, têm disponibilizado seus conhecimentos para ajudar a garantir qualidade de vida aos soropositivos. "O desgaste das articulações é algo comum em idosos", diz o ortopedista Gilberto Camanho, da Universidade de São Paulo. "Mas estamos observando que, entre pessoas com HIV, isso acontece mais cedo." Camanho e sua equipe têm desenvolvido, no Brasil, expertise para lidar com essa particularidade.

Na área da cardiologia, além de os pacientes manifestarem maior tendência a problemas como o aumento do colesterol, chama atenção a grande incidência de fumantes entre as pessoas que vivem com o vírus. "Se entre a população soronegativa a incidência é em torno de 20%, entre os soropositivos é de 45%", diz o cardiologista Bruno Caramelli, diretor da unidade clínica de medicina interdisciplinar em cardiologia do Instituto do Coração, em São Paulo. O médico, que atua desde 1994 com soropositivos, enfatiza aos portadores a recomendação de buscar um estilo de vida mais saudável, sem tabaco, com melhor alimentação e prática de exercícios físicos.

Sair do sedentarismo também é uma forma de ajudar a controlar o acúmulo irregular de gordura causado pelos remédios. "Tive um início de lipodistrofia há cerca de cinco anos", relembra a assistente de responsabilidade social Sílvia Almeida, 47 anos. "Reverti o quadro com o acompanhamento de uma nutricionista e academia." Sílvia descobriu que tinha o vírus em 1994 e recebe o coquetel desde 1996. A importância da atividade física para os portadores de HIV tornou-se tão evidente - e urgente - que o Instituto Emílio Ribas, por exemplo, planeja a instalação de uma academia em suas dependências e a ONG de Américo (portador também de câncer) já disponibiliza um espaço para atividades físicas.

Apesar dos avanços, há ainda questões preocupantes. Uma delas é o fato de que, com o melhor controle do vírus, muitas pessoas têm a falsa noção de que a AIDS deixou de ser uma amea¬ça séria - um engano terrível - e deixaram de tomar os cuidados devidos para prevenir o contágio. No Brasil, por ano, estima-se o surgimento de cerca de 20 mil novos casos. Para Dirceu Greco, do Ministério da Saúde, a possibilidade de tratamento dá a falsa sensação de segurança. "As pessoas não podem abandonar as ações de prevenção. Entre elas, a principal é o uso de CAMISINHA", alerta.

Matéria publicada originalmente na revista IstoÉ.


Descoberta da Aids completa 30 anos em junho

A AIDS, uma doença ainda sem cura, foi descoberta há trinta anos e já provocou 30 milhões de mortes, transformou o mundo, gerou um investimento financeiro exemplar, uma mobilização de larga escala e avanços médicos espetaculares.
Há 30 anos, no dia 5 de junho de 1981, o Centro de Controle de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, descobriu em cinco jovens homossexuais uma estranha pneumonia que até então só afetava pessoas com o sistema imunológico muito debilitado. Um mês depois, foi diagnosticado um câncer de pele em 26 homossexuais americanos e se começou a falar de "câncer gay".

No ano seguinte, a doença foi batizada com o nome de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, SIDA, em inglês AIDS. Em 1983 uma equipe francesa isolou o vírus transmitido pelo sangue, secreções vaginais, leite materno ou sêmen, que ataca o sistema imunológico e expõe o paciente a "infecções oportunistas" como a TUBERCULOSE ou a pneumonia. Nestes 30 anos de AIDS e seus milhões de vítimas, também foi uma época de grandes êxitos contra o vírus. Em 1996, com o desenvolvimento dos ANTIRRETROVIRAIS, a doença mortal passou a ser uma enfermidade crônica.

O Fundo Mundial, criado em 2002, já distribuiu 22 bilhões de dólares em subsídios e um "programa de urgência" foi organizado nos Estados Unidos. "A AIDS mudou o mundo; uma nova relação social foi criada entre os países do norte e do sul de maneira que nenhuma outra doença já tinha provocado", destacou Michel Sidibé, diretor da ONUAIDS. A sua maneira, os doentes participam também na luta e se transformam em "pacientes experts", que relatam aos especialistas sua experiência, definem as necessidades e anotam os efeitos indesejáveis dos tratamentos, segundo Bruno Spira, presidente da associação Aides.

A AIDS tem matado menos, no entanto ela não desaparece. Pelo contrário, o número de pessoas infectadas tem aumentado nos últimos anos, exigindo mais pesquisas, mais tratamentos e mais dinheiro. Por enquanto, apenas uma em cada três pessoas que necessitam de tratamento tem acesso às drogas. Ainda pior é que para cada duas pessoas que iniciam o tratamento, cinco outras pessoas são contaminadas.

Os esforços agora são direcionados para a prevenção com novos métodos: a circuncisão, que segundo pesquisas ainda não conclusivas podem diminuir as chances de contágio; um gel microbicida para as mulheres e o tratamento dos doentes que diminui em mais de 90% as chances de transmissão do vírus. No entanto, mesmo com trinta anos de pesquisas, e muitos investimentos, ainda não há cura e a AIDS está longe de ser vencida.

Sem contar o fato que, segundo o Fundo Mundial, os financiamentos previstos para os próximos anos são claramente inferiores às necessidades. Além disso, dois terços dos soropositivos no mundo desconhecem a própria doença e disseminam o vírus. Na França, por exemplo, uma pesquisa revelou que 18% dos clientes de bares e saunas gays estão contaminados e 20% destes desconhecem.

Socialmente, a AIDS ainda é uma doença pouco comum, e muitos preferem ignorá-la. "Ainda assim, como há 30 anos, é difícil reconhecer uma "doença vergonhosa", que não quer ser discutida mostrada falada e examinada", diz Bruno Spire, também portador do HIV. "A AIDS foi a maior epidemia do século XX e é a maior do século XXI", afirma por sua vez o professor Jean-François Delfraissy, da Agência de Pesquisa sobre a AIDS.

Essa notícia foi publicada originalmente na AFP.



 

Primeiro ano da Recomendação nº 200 da OIT é marcado por evento em Curitiba que discute estratégias de combate à discriminação a quem vive com HIV/aids

A maior parte da população infectada pelo HIV está em idade laboral. Para tratar da não discriminação no mundo do trabalho a quem vive com aids, a Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Amatra) da 9ª Região promovem, em Curitiba (PR), de hoje (30) até 1º de julho, o Seminário 1º Ano da Recomendação nº 200 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O documento trata de princípios para orientar políticas e programas de responsabilidade social na gestão empresarial voltados à prevenção das DST e aids no mundo do trabalho (baixe o documento).

O Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde estará representado por Ivo Brito, coordenador de Direitos Humanos, Risco e Vulnerabilidade (DHRV). Brito apresenta nesta sexta-feira palestra que aborda formas de aplicação do documento da OIT. O diretor-adjunto do Departamento, Eduardo Barbosa, ressalta a importância de envolver os empresários brasileiros na adesão às políticas de prevenção à epidemia no ambiente de trabalho, bem como no apoio ao trabalhador vivendo com o vírus. “O mundo corporativo precisa pensar em estratégias de promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento, prevenção, segurança e saúde no trabalho”, observa.

Transformar o espaço de relações profissionais em ambiente de proteção à saúde inclui alinhar a iniciativa aos direitos humanos de quem vive ou convive com HIV/aids. Nesse sentido, as recomendações da OIT aplicam-se a todos os trabalhadores, quaisquer que sejam as formas e modalidades de trabalho e quaisquer que sejam os locais de trabalho. O texto cita amplos setores da atividade econômica, incluindo os setores privado e público e as economias formal e informal, além das forças armadas e serviços uniformizados. “A recomendação da OIT incentiva o diagnóstico voluntário e sigiloso das DST, aids e hepatites virais”, destaca Brito.

Dados parciais de pesquisa em andamento do Ministério da Saúde mostram as consequências da exclusão no mercado de trabalho. Entre 1.246 pacientes de aids de todo o país, 20,6% dizem ter perdido o emprego em decorrência da descoberta da infecção pelo HIV. Cinquenta e oito por cento dos homens que tiveram diagnóstico da doença não trabalham, enquanto a proporção masculina de desempregados na população em geral é de 33%.

A renda média de quem vive com a doença é menor do que a da população brasileira, apesar do maior grau de escolaridade de quem tem aids. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, um paciente com aids recebe por mês R$ 785, enquanto o rendimento mensal do brasileiro em geral é de R$ 936.

ENTREVISTA - O juiz Eduardo Milléo Baracat, titular da 9ª Vara do Trabalho de Curitiba, está à frente da organização do Seminário do 1º Ano da Recomendação nº 200 da OIT. O evento ocorre de hoje (30) até amanhã. Em entrevista ao Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Eduardo Baracat fala sobre a não discriminação no local de trabalho. Confira a seguir:

Quais estratégias o Brasil pode adotar para a aplicação da Recomendação nº 200 da OIT?
A primeira delas é a ampla divulgação do documento por todos os meios possíveis, sobretudo a imprensa, mas também pelos sindicatos e federações de trabalhadores e empregadores. A segunda estratégia seria estimular a negociação coletiva, como instrumento para a implantação dos direitos dos trabalhadores soropositivos, principalmente a vedação da dispensa imotivada. A terceira talvez pudesse ser uma lei, estabelecendo o direito do empregado soropositivo a não ser dispensado sem a devida motivação. Receio, no entanto, que essa lei, diante do complexo processo legislativo brasileiro e das diversas correntes ideológicas que estão representadas no Congresso Nacional, seria de difícil realização.

Por que é importante abordar o tema da não discriminação no ambiente de trabalho?
Qualquer tipo de discriminação é odiosa e deve ser prontamente combatida. O trabalho, via de regra, é a única fonte de que dispõe o trabalhador para a subsistência própria e a de seus dependentes. Discriminar um trabalhador soropositivo, retirando-lhe esta fonte, afronta valores que são caros à sociedade brasileira, como a solidariedade e a erradicação da pobreza. Ademais, existe, ainda, a perda do investimento no capital humano. Com efeito, os trabalhadores soropositivos tiveram formação profissional ou acadêmica, e a retirada precoce desses trabalhadores do mercado de trabalho, apenas por preconceito, acarretaria perda de investimento.

Quais os problemas recorrentes no ambiente de trabalho em relação à discriminação?
A demissão arbitrária, por pura ignorância do que seja o HIV. Existe, ainda, o assédio moral por parte dos próprios colegas, que acabam por isolar o trabalhador soropositivo, tornando o ambiente de trabalho insustentável para quem vive com o vírus.

Onde e como quem sofre discriminação no ambiente de trabalho pode procurar ajuda e fazer valer seus direitos?
Na Justiça do Trabalho, mediante ação trabalhista, na qual o trabalhador, preferentemente por meio de advogado, deve narrar fielmente os fatos e postular a reintegração no emprego, caso tenha sido dispensado de forma arbitrária. É importante que o trabalhador possa demonstrar que comunicou ao empregador a existência da doença, ao menos no momento da rescisão contratual.