No Brasil, os casos de aids em idosos também dobraram entre 2000 e 2010
05/02/2012 - 09h50
O número de casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) entre
pessoas acima dos 50 anos dobrou na última década. O dado alarmante
acaba de ser publicado em um editorial do periódico médico Student BMJ.
Entre as doenças que despontam na lista de transmissões citadas pelo
estudo estão sífilis, clamídia e gonorreia.
No editorial do Student BMJ, os médicos Rachel von Sinson, do King’s
College London, e Ranjababu Kulasegaram, do St Thomas’ Hospital London,
citam uma pesquisa que mostra que 80% dos adultos entre 50 e 90 anos são
sexualmente ativos. Estatísticas mostram um aumento nos casos de
sífilis, clamídia e gonorreia na Inglaterra, Estados Unidos e Canadá nas
pessoas entre 45 a 64 anos.
Existem ainda poucas pesquisas sobre as razões por trás do aumento no
número dessas doenças. Uma das hipóteses é a de que ela se deva às
mudanças físicas — mulheres na menopausa são mais vulneráveis a uma DST.
Além disso, alguns dados mostram que os homens que usam drogas contra a
disfunção erétil têm mais chances de serem diagnosticados com uma DST
no primeiro ano de uso do remédio.
De acordo com os autores, de posse desses dados, os médicos deveriam
encorajar discussões sobre sexo seguro, independente da idade do
paciente. "O profissional não deve deixar de investigar infecções
sexualmente transmissíveis em idosos."
Brasil — No Brasil, o Ministério da Saúde não tem dados sobre o índice
de transmissões das DSTs, porque a notificação não é obrigatória. A
única doença a ter registro é a aids. Segundo dados do Boletim
Epidemiológico Aids e DST/2011, feito pelo Ministério, o número de novos
casos entre pessoas acima de 50 anos passou de 2.707, em 2000, para
5.521, em 2010 – um aumento de 103%.
De acordo com Jean Gorinshteyn, infectologista responsável pelo
Ambulatório do Idoso do Hospital Emílio Ribas, esse aumento no número de
casos pode estar sendo causado pela combinação de drogas para disfunção
erétil e falta de costume do uso da camisinha. “Essas pessoas não estão
acostumadas a usar camisinha, e quando a usavam era para evitar uma
concepção indesejada, não uma DST”, diz.
Entre os idosos, os homens são as principais vítimas: no ambulatório
coordenado por Gorinshteyn, 75% dos infectados são do sexo masculino.
Dos cerca de 120 pacientes (entre homens e mulheres) atendidos no local,
90% têm entre 60 e 65 anos, 80% são heterossexuais e 78% são casados.
"A mulher normalmente tem uma baixa na libido com a menopausa. Já o
homem, com a existência de drogas contra a disfunção erétil, acaba,
muitas vezes, prolongando sua vida sexual”, diz o especialista.
Fonte: Veja.com
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